"As mulheres adoram receber flores, coisinhas gostosas, perfumes, mas o Dia Internacional da Mulher foi criado por outros motivos e com outros objetivos. A resolução da ONU, de 1977, que institui o Dia Internacional da Mulher, previu que a criação de um Dia das Nações Unidas para os Direitos da Mulher e da paz internacional tinha por propósito:
a) reconhecer o papel da mulher nos esforços de paz e desenvolvimento;
b) pedir o fim da discriminação;
c) solicitar o aumento do apoio à participação plena e igualitária das mulheres.
Assim, não se pode perder de vista o significado sociopolítico do dia: 'momento de mobilização para a conquista de direitos e para discutir as discriminações e violências morais, físicas e sexuais ainda sofridas pelas mulheres, impedindo que retrocessos ameacem o que já foi alcançado em diversos países'.
Não se pode permitir que uma data que objetiva lembrar o combate seja transformada em momento de mero afago dos afetos domésticos. O Dia, afinal, simboliza lutas por pertencimento social e político.
Então, a oferta de uma flor, a gentil entrega de um presente ou qualquer manifestação carinhosa – que sempre será bem vinda –, para mães, amigas, namoradas, companheiras, esposas etc, não pode desvirtuar o foco da comemoração. O real sentido da instituição do Dia Internacional da Mulher deve permanecer vivo na memória de todos e ser cumprido, mais ainda quando não estão encerradas as lutas de afirmação das mulheres nos lugares de poder do mundo.
Hoje se comemora, pois, o respeito à dignidade da mulher, conquistado (ainda que não totalmente) com luta. É, de toda sorte, um dia de festa, mas antes de ser momento de homenagens pessoais, é a evocação cívica da memória das batalhas de mulheres e de homens igualitaristas pelo necessário empoderamento das mulheres nos espaços do mundo social, econômico, político e, por incrível que possa parecer, no doméstico. É uma comemoração, pois, com flores e regalos, se for possível e o que seria melhor, mas é, igualmente, um momento de lembrança de que ainda há bastante por fazer.
Estamos juntos nessa luta que é de todos(as)!"
Artigo de Alice Bianchini no site Atualidades do Direito.