O estado da Bahia é referência na Economia Solidária no país, mas apesar do protagonismo tem desafios como o de organizar a economia popular, a obtenção de mais incentivos e inserir a juventude no processo. Esses foram pontos destacados durante III Encontro Estadual de Economia Solidária, que reuniu representantes de três ministérios para debater desafios e estratégias da política pública para desenvolvimento do país e da Bahia.
O evento, que aconteceu na sede da União dos Municípios da Bahia (UPB), é uma ação do Governo do Estado por meio da Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre) em parceria com o Fórum Baiano de Economia Solidária.
Representantes de 15 Centros Públicos de Economia Solidária (Cesol´s) e 11 Territórios de Identidade participaram do encontro que contou com a presença do gestor da Setre, Davidson Magalhães, o vice-governador, Geraldo Jr., o secretário Nacional de Economia Popular e Solidária, Gilberto Carvalho (Ministério do Trabalho e Emprego); o secretário nacional de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social, Inácio Arruda, (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e Desenvolvimento) e o Chefe de Gabinete, Gustavo Souza (pasta da Assistência Social, Família e Combate à Fome).
A política de Economia Solidária foi implementada na Bahia em 2007, o que permitiu ao estado sair na frente e ser um exemplo. De lá para cá, já foram investidos mais de R$ 620 milhões na política pública que atende, atualmente, cerca de 40 mil pessoas.
Gente como Eugênia Ribeiro Félix, representante da Capribéee, associação que produz e comercializa derivados do leite de cabra a partir de pequenos produtores dos municípios de Jaguarari e Curaçá. "Precisamos fortalecer a economia solidária. Precisamos de mais recursos públicos", disse a produtora, ressaltando que, com mais incentivos, "somos gigantes e ganhamos o mundo".
Apoio - O secretário da Setre, Davidson Magalhães, destacou que a Bahia é referência nacional na Economia Solidária, mas lembrou que, no estado, a economia popular é maior que o emprego formal, motivo pelo qual é preciso "sustentação e apoio" para que essa riqueza econômica seja organizada de forma solidária. "Sempre se fala do agronegócio. O que seria do agronegócio sem a Embrapa, sem o subsídio? Muitos recursos se gasta com o agronegócio. E não estou dizendo que está errado, mas aqueles que trabalham com a economia popular têm que ter o mesmo apoio" disse o secretário, referindo-se às políticas do governo federal.
"Para nós não é o suficiente, precisa buscar um patamar superior. O desenvolvimento da Bahia não é só o de trazer grandes empreendimentos. Precisamos de um novo modelo de desenvolvimento".
Gilberto Carvalho, à frente da Secretaria Nacional de Economia Popular e Solidária, disse que o governo federal está articulando linhas de financiamento para empreendimentos de economia solidária, cujos editais devem ser lançados no segundo semestre deste ano.
"O governo baiano saiu na frente já há algumas gestões nesse sentido. É por isso que é uma referência nacional. Nós estamos articulando com a Fundação Banco do Brasil, com o BNDES, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, linhas especiais de financiamento, inclusive com recursos do Conselho do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), para ajudar a financiar os novos projetos. A gente espera já no segundo semestre fazer editais públicos para os empreendimentos concorrerem e receberem financiamento federal. Não há como adiantar valores, mas haverá um valor significativo para dar sustentabilidade a esses projetos", disse.
Desafios - O superintendente de economia solidária e cooperativismo da Setre, Wenceslau Jr., que coordenou o painel vespertino para a implementação da Economia Solidária no estado, avalia que são três principais desafios. "O primeiro é o de ampliar e consolidar a política de assistência técnica nos territórios do estado da Bahia. O outro desafio é como organizar a economia popular, preferencialmente de forma solidária. E o último desafio seria como dialogar com a juventude. Para esse terceiro desafio apontamos três caminhos: a cultura, o esporte e a inclusão digital. Esses caminhos com certeza irão reduzir a distância entre as políticas públicas de economia solidária e a juventude", disse Wenceslau.
Por sua vez, o secretário nacional de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social, Inácio Arruda, enfatizou que a reivindicação do presidente Luís Inácio Lula da Silva é a de que é preciso desenvolver tecnologias que sejam capazes de ajudar o pequeno produtor rural, que desenvolve um trabalho de economia solidária. E, ainda, que a preocupação é com os mais pobres. E existe conhecimento científico desenvolvido nas nossas universidades que podem contribuir com esse produtor. E esse é o nosso papel, o de transferir tecnologia saudável para a produção de alimentos que garantam uma qualidade de vida muito melhor do que o que se tem até hoje".
Semana passada, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, esteve na Bahia e garantiu que está empenhada em criar um Centro Público de Economia Solidária de Ciência e Tecnologia para dar apoio aos Cesol´s de todo o estado.
Ascom Setre