Hoje, 4 de julho, data em que é comemorado o Dia Internacional do Cooperativismo, entrevistamos Regina Dantas de Carvalho, Presidente da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (UNICAFES) no estado da Bahia. Regina Carvalho apresenta o contexto atual em que se encontram as políticas públicas que pautam o Cooperativismo no Brasil e aponta que é preciso se preparar para o novo.
Foto: arquivo pessoal.
Regina, contextualize Cooperativismo, para que nosso leitor que ainda tem pouca familiaridade com o assunto entenda quais ações têm acontecido no cenário estadual e nacional.
Regina - O Cooperativismo é um modelo de organização formal de pessoas, regido por princípios, valores, regras com o objetivo principal, satisfazer as necessidades sociais, econômicas, culturais, comuns às pessoas e a coletividade, fortalecendo as relações, numa perspectiva de gerar trabalho e renda com uma participação democrática, solidária, com independência e autonomia. O Cooperativismo desempenha um papel, importantíssimo, no desenvolvimento social e econômico em níveis: local, estadual e nacional com seus diversos ramos de atuação (produção, serviços, crédito, educação...).
Quais são os princípios e missão da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (UNICAFES)?
Regina - A UNICAFES, fundada em 2005, está presente em 20 Estados da Federação com suas Unicafes Estaduais. Tem como finalidades: articular, integrar, promover, implementar, viabilizar a construção de um Cooperativismo forte como um instrumento de desenvolvimento social, sustentável, solidário, econômico, cultural que ampliem oportunidades de trabalho e distribuição de renda, integrando seus diversos ramos.
Existem desafios para a implementação de políticas públicas que paute o cooperativismo? Se sim, quais?
Regina - Gestão; produção; uma assistência técnica continuada; industrialização dos produtos (com destaque para a legalização); crédito acompanhado; o entendimento consciente do que seja cooperar e viver um Cooperativismo de acordo com os seus princípios e valores; trabalhar em Redes; comercialização; e tornar as Cooperativas sustentáveis economicamente.
Consegue perceber avanços?
Regina - As Leis do Cooperativismo; a organização em Redes, Centrais de cooperativas; as Federações de Cooperativas. Na Bahia temos: uma Lei a 11.362 de 2009, regulamentada em 2011; A Política Estadual de Apoio ao Cooperativismo; as Secretarias de Desenvolvimento Rural (SDR)/CAR, e a Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte que tem dado um apoio grande ao Cooperativismo, e outras a exemplo da Secretaria de Educação (PNAE). E a existência das organizações que representa esse segmento do Cooperativismo: Unicafes; Unissol, Concrab, Unicatadores. E também a UNICOPAS (União Nacional das Organizações Cooperativas Solidárias).
Quais são os obstáculos que oriundam da crise política para que ações que pautam o Cooperativismo avancem?
Regina - Porque a base das nossas Cooperativas é a Agricultura Familiar e infelizmente vem sofrendo com a redução de investimentos, dificuldades de acesso ao crédito (Pronaf); com a redução do tempo de validade da DAP (declaração de aptidão ao Pronaf); acesso a uma Assistência Técnica continuada e acesso a mercados, principalmente os Institucionais.
“Estamos dentro de três grandes crises: da pandemia; da economia; e da política”
E quais são suas perspectivas para o futuro do Cooperativismo no Brasil diante do cenário político-social atual?
Regina - O certo é que nada será como era antes da pandemia, mas tudo pode ser bem melhor como nunca foi, depende de cada um de nós. Precisamos nos preparar para o novo e quanto mais tempo durar essa pandemia, mais problemas, mais impactos teremos. Estamos dentro de três grandes crises: da pandemia; da economia; e da política. A crise política no âmbito Nacional, vem agravando as demais. Estamos passando por momentos difíceis: de medo, incertezas e insegurança, mas também de muita solidariedade e esperança. Muitos impactos já estão acontecendo em nossas Cooperativas: queda no consumo; queda na produção; dificuldades para pagar as dívidas; os preços; dificuldades no acesso à internet no meio rural; como lidar com essas tecnologias de comunicação social.
“[...] Se faz necessário fazer valer o real sentindo do Cooperativismo, trabalhar em Redes”