Os empreendimentos assessorados pelo Centro Público de Economia Solidária (Cesol) Sertão Produtivo têm buscado meios de se adaptar à realidade diante da covid-19. O novo coronavírus (Sars-Cov-2, na sigla em inglês) descoberto em novembro de 2019 na China, é um vírus que causa a doença respiratória covid-19, nome definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Vivemos em um mundo interconectado e não demorou muito para o vírus se espalhar. No Brasil, os primeiros casos de pessoas com covid-19 surgiram na última semana do mês de fevereiro deste ano, mas foi em março que a população brasileira começou perceber a complexidade da pandemia.
A equipe do Cesol Sertão Produtivo, atualmente, não pode estar presencialmente com os assessorados por causa das medidas restritivas de combate ao coronavírus, mas mesmo assim não tem deixado de acompanhar e orientar à distância os empreendimentos. Conforme, Flávia Eugínia Gomes, agente socioprodutiva do Cesol Sertão Produtivo, as dificuldades que os empreendimentos têm encontrado neste cenário da pandemia se distinguem.
São diversos os tipos de empreendimentos assessorados pelo Cesol Sertão Produtivo que resulta de uma política pública do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre). Desde produtores de gêneros alimentícios à confecção de produtos manuais e artesanais, todos os empreendimentos comercializam produtos respeitando os princípios da economia solidária, visando sempre uma comercialização justa e baseada no consumo sustentável.
Desafios
É comum entre os diversos empreendimentos a percepção do aumento no custo das produções. Em meio aos desafios, o Cesol busca orientar os produtores dando suporte para atravessar esta situação difícil e continuarem firmes com seus empreendimentos.
Alguns produtores que contam com o apoio do Cesol têm seus empreendimentos como principal fonte de renda. É o caso da Celene Gomes, 51 anos, que produz pães integrais. Ela comenta: “vendo porta a porta, nos comércios, estou a mais de 20 anos no mercado, o bom que o povo já me conhece”. Para Celene que realiza entregas no endereço dos clientes, na cidade de Guanambi, ela tem percebido mudanças, principalmente, na hora de comprar os ingredientes para produzir os pães.
Inovar pode ser uma boa alternativa?
Celene notou que os preços dos ingredientes aumentaram após a pandemia e, consequentemente, ela teve que reajustar o preço dos pães. Mas com a experiência e também os conhecimentos que adquiriu junto ao Cesol, Celene busca inovar nas receitas e assim criar possibilidades que sejam boas tanto para ela quanto para os clientes. Outra dificuldade que Celene encontrou foi com os serviços gráficos que não estavam em funcionamento para a impressão dos rótulos das embalagens dos pães. Mesmo nesse cenário, ela continua otimista com o trabalho.
Pães integrais produzidos pela Celene. Foto: arquivo pessoal.
Mas a maioria dos empreendimentos auxiliados pelo Cesol enxergam as produções como uma maneira de complementar a renda. Para o grupo Mãos que Bordam, no município de Pindaí, foi na dificuldade que perceberam oportunidades. Vanda Rosa Rodrigues, 34 anos, que faz parte do grupo conta que “[...] o que a gente fazia antes parou. As portas se abriu [sic] a partir do Cesol...”. O abri de portas, conforme Vanda, aconteceu após a visibilidade do grupo promovida pelo Cesol a partir da encomenda de máscaras de tecido.
O Mãos que Bordam, atualmente, tem contado com seis colaboradoras que fazem revezamento para costurar as quase 10 mil máscaras encomendadas por uma empresa, “ao contrário de muita gente, a questão do artesanato ficou parado, buscamos inovar fazendo máscaras”, relata Vanda. Em meio a tanto trabalho, o grupo ainda pensa na solidariedade, pois têm vendido máscaras a preço de custo na comunidade em que vivem, pois não têm condições de custear o material que também teve aumento de preço. Questionada sobre o futuro do grupo, Vanda afirma que “vamos estar mais fortalecidas após passar por essa experiência”.
Costureiras do Mãos que Bordam produzindo máscaras, junho de 2020. Foto: arquivo pessoal.
Adaptações
Diante do imprevisto, foram surgindo adaptações para a divulgação e comercialização dos produtos. A internet tem sido uma ótima aliada para os empreendimentos divulgarem os bens e serviços. Outra alternativa tem sido os serviços de entrega e comercialização dos produtos dentro da própria comunidade em que estão os empreendimentos. Esses são alguns meios encontrados para não paralisar as atividades.
O Cesol Sertão Produtivo continua comercializando os produtos dos empreendimentos assessorados através da loja virtual - É Com Rede - e na loja física, na sede em Guanambi, respeitando às medidas decretadas pela administração municipal e pela OMS.
Comercialização no Festival virtual de Economia Solidária
O Festival de Economia Solidária - São João da Minha Terra, aconteceu de 13 a 24 de junho, virtualmente, com lives formativas, atrações musicais e grandes nomes da culinária. Essa ação coletiva construída pelos 13 Cesols da Bahia e viabilizado pela Setre foi uma alternativa para escoamento de produção e melhoria no faturamento de empreendedores da economia solidária durante a pandemia.