Com apenas um caixote de feira, uma placa de programação simples e um botão é possível colocar em prática uma solução para um problema social: o desperdício de alimentos em feiras livres. A ideia, proposta por dois discentes do curso de Ciência da Computação da Uesb, em parceria com dois alunos da Universidade Federal da Bahia (Ufba), foi a campeã do “Social IT Solutions Workshop 2020 Brazil’, projeto realizado de 20 a 31 de janeiro, no campus de Vitória da Conquista e na Ufba de Salvador.
O Workshop, que teve início em 2019, na cidade de Dar es Salaam, na Tanzânia, contou com integrantes de várias partes do mundo, como americanos, chineses e peruanos. No Brasil, o objetivo foi capacitar estudantes brasileiros com conhecimentos e habilidades interdisciplinares nas áreas de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) para serem aplicados em soluções tecnológicas em desafios sociais presentes tanto em Vitória da Conquista como em Salvador.
A motivação inicial da equipe vencedora do Workshop foi o segundo objetivo de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU): o Fome Zero. Segundo Laverty Ladeia, estudante de Ciência da Computação da Uesb e integrante da equipe, a partir das pesquisas de campo, o grupo entendeu que o tema escolhido “se tratava de um problema bem mais amplo e, ao mesmo tempo, bem próximo de nós”.
A proposta do grupo é que os feirantes coloquem, em um caixote, os alimentos que estejam bons para o consumo, mas que não podem ser comercializados e que, geralmente, vão para o lixo. No caixote, será instalada uma placa chamada “Circuito de Arduino”, um dispositivo barato, funcional, fácil de programar e de personalizar. Nessa placa, será colocada uma shield, elemento que, quando encaixado no Arduino, expande suas funcionalidades. Dessa forma, a shield permite que, quando o feirante tocar o botão acoplado na caixa, uma mensagem seja enviada para instituições sociais que atuam em prol de pessoas carentes. Assim, os alimentos serão recolhidos pela instituição e levados até as pessoas.
Segundo Tarciana Oliveira, também discente de Ciência da Computação da Uesb e integrante da equipe vencedora, o sentido de estar em uma universidade é, justamente, dar esse retorno para a comunidade. “Estar dentro da universidade é algo que nos possibilita mudar a estrutura do nosso país. Ter acesso a tecnologias e participar de um evento como esse nos inspira a fazer algo que impacte a sociedade. Não adianta eu estar na universidade e não mudar a minha comunidade e a minha cidade”, ressaltou a discente.
Novos caminhos – As atividades desenvolvidas por 24 estudantes foram lideradas e avaliadas por uma equipe de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e contou com a colaboração de professores da Uesb e da Ufba. As soluções propostas pelas equipes também foram avaliadas por dois representantes da Movile, uma das maiores holdings da América Latina, que detém os direitos de vários aplicativos tecnológicos conhecidos em todo o mundo. Como premiação, a equipe vencedora ganhou uma viagem para conhecer a sede da Movile e o Laboratório de Tecnologia e Inteligência Artificial da Universidade de São Paulo (USP).
Para a professora da Uesb e uma das colaboradoras do Workshop, Cátia Khouri, o evento, além de capacitar docentes e discentes da Uesb, abre caminhos para novas parcerias com a Ufba e o MIT em projetos com o mesmo impacto. “Atuando como multiplicadores, os participantes podem fomentar, na comunidade acadêmica, a criação de soluções tecnológicas para problemas sociais de âmbito regional, nacional ou mundial, cumprindo assim o papel da Uesb enquanto agente transformadora da sociedade”, pontuou a docente.
Fonte:UESB