Quem disse que trabalhar em uma associação sem fins lucrativos significa ganhar um salário “simbólico”? Na França, as vagas para profissionais altamente qualificados na chamada Economia Social e Solidária (ESS) estão em alta – um sinal de que o setor se profissionaliza e se tornou mais atraente, em especial para aqueles que sonham em mudar de vida, mas nunca tiveram coragem.
No ano passado, 3,3% das ofertas publicadas no site da Association pour l’Emploi des Cadres (Apec) eram para vagas na economia solidária, o que representa quase 17 mil postos. “Cadre” é o nome dado na França para o topo da pirâmide profissional, que pode significar profissionais com grau superior ou diretores setoriais em uma empresa.
O diretor de pesquisas da Apec, Pierre Lamblin, afirma que o ramo vive uma dinâmica “positiva” na Europa. A ESS atrai especialmente jovens recém-formados em busca de “um sentido social à carreira”, ou profissionais experientes com mais de 40 anos, que decidiram dar esse passo depois de se frustrarem nas empresas tradicionais.
“Podemos perfeitamente chegar à satisfação pessoal e profissional neste setor. É um mercado com uma variedade imensa de oportunidades, especialmente nas associações de economia social e solidária. Dois terços das ofertas de emprego disponíveis em associações são para profissionais de alto nível”, afirma Lamblin. “Mas também há boas vagas em cooperativas, que englobam grandes estruturas com centrais de vendas, por exemplo, além de oportunidades em convênios de saúde, seguros e em fundações.”
Despertar o interesse de profissionais versáteis é um dos maiores desafios da Economia Social e Solidária para avançar. O que atrai esses profissionais é, principalmente, os valores da economia social: a utilidade social, a noção de solidariedade, a preocupação com problemas da sociedade nos dias atuais. São os valores humanos, porque a dimensão financeira, que visa o lucro, é menos importante do que nas empresas comuns”, atesta Pierre Lamblin, da Apec. “Os profissionais qualificados acabam encontrando mais sentido para o trabalho, através desse cuidado que eles terão com as outras pessoas.”
Fonte: RFI