A Economia Solidária não é apenas um jeito de espalhar ideias sobre o meio ambiente, pessoas, consumo justo, relações fraternas e sustentabilidade. A Economia Solidária traz em seu bojo a concepção de um mundo novo, onde o dinheiro não seja o único valor de troca possível para conquistar qualidade de vida e felicidade. Acredito que esse modelo ultra neoliberal, do mais extremo consumismo, exploração do homem e dos recursos naturais, chegou ao limite. A humanidade anseia por um modelo novo, tanto nas relações de produção, quanto de consumo.
Se o planeta terra é o resultado da relação que a população e, em especial, o capitalismo financeiro têm, de subordinação da natureza, das pessoas e dos meios de produção para a obtenção de lucro, acumulação de dinheiro, através do mercado financeiro (commodities, ações, produtos financeiros, títulos, derivativos e mercado de câmbio), esse modelo exauriu, tornou-se insuportável! Nós que praticamos, trabalhamos, defendemos a concepção de uma outra economia, um outro mundo possível, precisamos romper com as amarras em comunicar nossas ideias e dar o nosso grito de possibilidades de uma vida nova, de novo sentido, onde se acumulam valores, como justiça e respeito às pessoas e à natureza. O dinheiro não vale tudo!
É assim que o movimento nacional de economia solidária trabalha e encara a alternativa de construir um mundo novo de generosidade, onde o mais importante são as relações entre as pessoas, alimentação saudável, atividade física. Estilo de vida em que o trabalho não se sobrepõe à vida social e valoriza o meio ambiente.
Na Bahia, a política da economia solidária ganhou força e uma nova feição desde 2013. A Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, como núcleo dessa concepção, entra agora em um novo ciclo de busca por maior otimização e eficiência em seu processo de disseminação, produção e comercialização.
Os novos contratos, assinados recentemente pelo governador Rui Costa, e os Centros Públicos de Economia Solidária, mostram-se mais enfronhados com as comunidades dos territórios onde atuam, atendendo centenas de associações de produtores, formais ou não, das mais diversas cadeias produtivas de hortifrúti, orgânicos, mel de abelhas, confecções, biscoitos de polvilho de mandioca, artesanato, dentre outras. As equipes técnicas desses centros estão oferecendo a mais completa e gratuita assessoria de produção, gestão e comercialização.
Nesse clima de comprometimento de todo os envolvidos, precisamos fazer surgir um novo cenário, fazendo elevar a política da economia solidária na Bahia para um novo patamar, compreendendo que a Economia Solidária precisa evoluir, agregando tecnologia a essa proposta de produção e comercialização que seja disruptiva e construir um momento novo, estabelecendo novos parâmetros no oferecimento das assessorias e no oferecimento dos nossos serviços.
Precisamos ocupar o nosso espaço no centro dessa nova dinâmica social, agregando as novas tecnologias da informação e comunicação, fazendo com que sejam incorporadas às rotinas da Economia Solidária na Bahia. É necessário sair do lugar comum e nos apropriar dessas novas tecnologias, desenvolvendo uma plataforma digital que permita aproximar os CESOL’s, os territórios, afinando a nossa comunicação, e assim, ampliar a troca de experiências, cases de sucesso e o impulsionamento da comercialização em rede.
É importante entender que precisamos navegar na onda dessa revolução tecnológica incorporando novas oportunidades e possibilidades que assegurem a autosustentabilidade dos empreendimentos para ocuparem cada vez mais espaço. Entendemos que as experiências locais de bancos comunitários precisam ser ampliadas para retroalimentar e fornecer crédito para toda a cadeia da economia solidária da Bahia.
O horizonte de oportunidades para a economia solidária está posto, mas para contribuir com a construção desse mundo novo, onde a economia solidária seja consumida por todos, a nossa unidade de ação é fundamental. A provocação à reflexão foi lançada. Resta romper com a burocracia e juntar a nossa criatividade, nossa habilidade de dialogar e encarar o desafio de construir esse sistema, essa nova plataforma de empoderamento para o presente e para o futuro da Economia Solidária no Estado da Bahia.
Eduardo Moraes - Presidente
IDSB/CESOL Sertão Produtivo