O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Baiano (IDSB) foi uma das instituições premiadas na noite desta quinta-feira (09), em Salvador, com o Prêmio Manuel Faustino, que visa estiumlar e divulgar experiências exitosas voltadas ao empoderamento político e social da juventude negra baiana. O IDSB e mais seis entidades receberam o prêmio, que é iniciativa resultante do convênio entre o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), e o Governo Federal, via Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).
Casa do Estudante Quilombola Zumbi dos Palmares
O IDSB, representado na solenidade por Amanda Patez Vieira, teve a honra de participar desta seleção, indicando a Casa do Estudante Quilombola Zumbi dos Palmares para receber o prêmio de dez mil reais. A Casa do Estudante, é uma iniciativa conquistense, criada em 2008. É um equipamento social de grande relevância para a região Sudoeste da Bahia e tem cumprido o objetivo de propiciar moradia e alimentação a estudantes ornudos de comunidades quilombolas indígenaspara que possam se manter em cursos de nível superior de instiuções públicas e privadas em Vitória da Conquista.
Ela é a primeira casa de estudantes quilombolas do Brasil e é administrada pela Associação Cultural Agentes de Pastoral Negros, com apoio do poder público municipal. Hoje, a casa está ocupada por 23 estudantes, que convivem com divisão coletiva de tarefas. Eles ainda recebem formação através de oficinas sobre políticas de igualdade racial. Já foi atendido um total de 70 estudantes durante esses seis anos.
A experiência é positiva e o IDSB sente-se orgulhoso em compartilhar com todos a trajetória da Casa do Estudante Quilombola Zumbi dos Palmares e agradecido pelo reconhecimento da Sepromi, deixando o imenso desejo de vida longa a todas as demais iniciativas premiadas por trabalharem em prol da juventude negra da Bahia, que comungaram a alegria da premiação, que leva o nome de um jovem negro que liderou a Revolta dos Búzios e hoje é um dos heróis nacionais, Manuel Faustino.
A solenidade
A cerimônia, na Biblioteca Pública do Estado, no bairro dos Barris, foi aberta com a exibição de um documentário com depoimentos dos beneficiários e representantes das organizações, entidades que receberão recursos no valor total de R$ 70 mil. As insituições selecionadas foram a Comvida, de Camaçari, o Instituto Casa da Cidadania de Serrinha (ICCS), a Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu (Acbantu) e a Associação Pracatum Ação Social (Apas), de Salvador, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Baiano (IDSB) e o Conselho das Associações Quilombolas do Território do Sudoeste da Bahia (Caqsub), de Vitória da Conquista, e a Associação de Desenvolvimento Comunitário São Sebastião (ASS), de Paratinga.
Rebeka Capistrano, beneficiária do projeto de formação do Instituto Casa da Cidadania de Serrinha, considerou o aprendizado transformador. “Passei a respeitar as diferenças, valorizar a vida e as pessoas. Hoje, aceito minha condição, assumindo meus cabelos e traços negros”. Segundo a coordenadora de etnodesenvolvimento da Acbantu, Ana Placidino, o prêmio “potencializou o trabalho e deu o reconhecimento e o ‘gás’ que a juventude de povos de terreiros estava precisando”. A organização foi premiada por meio de projeto voltado à juventude de terreiros.
As experiências também foram publicadas em catálogo impresso, distribuído no evento, que reúne fotografias e informações das ações desenvolvidas. Nesse material estão, além das premiadas, outras organizações com atividades semelhantes - Associação de Moradores do Conjunto Santa Luzia (AMCSL), Instituto de Ação Social e Cidadania Mão Amiga (IMA), Centro Afro de Promoção e Defesa da Vida Ezequiel Ramin (Capdever), Associação Artístico-Cultural Odeart e ONG Paspas- Profissionais da Área de Saúde Promovendo Ações Sociais.
Juventude Viva
Ao apresentar o projeto, o coordenador de Promoção da Igualdade Racial da Sepromi, Sérgio São Bernardo, destacou que o prêmio integra as ações do Plano Juventude Viva na Bahia, voltado para redução da vulnerabilidade do segmento à situações de violência física e simbólica, a partir da criação de oportunidades de inclusão social e autonomia.
Após parabenizar as instituições pelas experiências, a titular da Sepromi, Vera Lúcia Barbosa, disse que “não será possível resolver o problema da mortalidade da nossa juventude negra, se não tivermos um olhar para esses trabalhos que já existem. A gente precisa, primeiro, se reconhecer, enquanto negros e negras, para daí fazer com que os outros nos vejam e, assim, estabelecer uma relação de respeito mútuo”.
O encontro contou ainda com a participação de representantes do Conselho Estadual de Juventude (Cejuve), Conselho de Desenvolvimento da Comunidades Negras (CDCN), da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), Fórum Estadual de Juventude Negra (Fonajuve), secretarias da Educação (SEC), Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), do Plano Juventude Viva nacional e do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra (CDCN), além de militantes do movimento negro.
Seleção
Para participar do concurso, as organizações candidatas tiveram que demonstrar experiências com resultados efetivos relacionadas à juventude negra. A seleção das instituições foi feita mediante avaliação de uma comissão composta por representantes da Sepromi e profissionais que lidam com a temática, como a jornalista Cleidiana Ramos, a mestra em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Carla Akotirene, além do ator, diretor e dramaturgo baiano, Ângelo Flávio.
*Com informações do site da SECOM-BA e da SEPROMI.