O Dia do Trabalho, comemorado todo ano em 1º de maio, é sempre mais uma oportunidade para refletir sobre o mundo do trabalho e problematizar algumas questões. Neste ano, alguns temas vieram à tona, como o projeto de lei da terceirização e as lutas e reivindicações dos professores, assuntos que tomaram a mídia, e ainda o comunicado da presidente Dilma Rousseff destacando o aumento do salário mínimo. Mas para o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Baiano (IDSB), para além dessas questões importantíssimas, pratos cheios para discussões e reflexões, ainda temos que levar em conta neste dia, o carro chefe da nossa luta pelo trabalho: a importância do consumo consciente, do trabalho decente e da produção sustentável.
O conceito de trabalho digno resume as aspirações do ser humano no domínio profissional e abrange vários elementos: oportunidades para realizar um trabalho produtivo com uma remuneração equitativa; segurança no local de trabalho e proteção social para as famílias; melhores perspectivas de desenvolvimento pessoal e integração social; liberdade para expressar as suas preocupações; organização e participação nas decisões que afetam as suas vidas; e igualdade de oportunidades e de tratamento para todas as mulheres e homens.
O trabalho digno deveria estar no centro das estratégias globais, nacionais e locais que visam o progresso econômico e social. Desempenha um papel fundamental nos esforços de redução da pobreza e constitui um meio de alcançar um desenvolvimento equitativo, inclusivo e sustentável.
Em todo o mundo, as pessoas se deparam com lacunas e exclusões sob a forma de desemprego e subemprego, empregos de baixa qualidade e improdutivos, falta de segurança no trabalho e na remuneração, violação dos seus direitos, desigualdades entre os sexos, exploração de trabalhadores migrantes, falta de representação e de expressão, proteção e solidariedade insuficientes face à doença, às deficiências e ao envelhecimento.
A contribuição do IDSB para a conslidação de práticas de trabalho decente está intimiamente ligada às atividades do Centro Público de Economia Solidária do Sertão Produtivo. Através do CESOL e graças aos seus conhecimentos especializados e instrumentos de ação, partilhamos com o estado a responsabilidade do fomento ao trabaho decente, mobilizando energia e recursos para a implantação de uma cultura de sustentabilidade, economia solidária e criativa. Em forma de políticas públicas - econômicas e sociais como o CESOL, há pessoas gerando esforços para consolidar novas práticas de trabalho, visando à dimuição da pobreza e ao protagonismo de vida das pessoas do sertão - no que tange ao nosso território.
A perspectiva do trabaho decente não abrange só o trabalhador, mas também o consumidor. É de suma importância incluir quem consome nesse processo. Produção sustentável é um esitlo de vida, é uma forma de transformação social do trabalho, que desde sempre existe, mas só agora está saindo das sombras da invisibilidade. No campo da comercialização de produtos, quem compra de quem faz, das mãos de agircultores e artesãos, escolhe valorizar uma produção voltada para o bem estar social, onde a dignidade do trabaho vem em primeiro lugar. Várias questões giram em torno do consumo consciente: fomento à economia local, alternativa à hegemonia de grandes corporações, luta contra a exploração do trabalho (muitas vezes do trabalho escravo). Seja no campo de serviços ou produtos, lembre-se sempre de que somos todos trabalhadores e consumidores. Uma rede consciente de consumo é o que se espera de uma sociedade organizada, cooperativa e solidária. E é com essa mensagem que gostaríamos de parabenizar a todos nesse 1º de maio!
Que a luta a favor do trabalho digno e decente nunca acabe!
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Fontes: OIT Lisboa, Catraca Livre, Carta Capital. Imagem inspirada na campanha Compro de Quem Faz.