Quem gosta de móveis e decoração em madeira não pode deixar de conhecer o espaço de trabalho do grupo Viver Arte, na cidade de Brumado. Acompanhados pelo Cesol Sertão Produtivo desde 2013, o empreendimento tem uma história incrível. Conheça um pouco mais.
Ao chegar no espaço do Viver Arte em Brumado, entre homens artistas com as mãos na massa, cortando, moldando, pintando, transformando madeira em arte, está Zelma no comando do grupo. Esposa do artista Mesake, Zelma, que também é pastora, é quem administra, coordena e organiza as encomendas e comercialização dos móveis e objetos de decoração. O casal traz cosigo uma história bonita de solidariedade, e ela é quem conta: "Mesake sabe fazer todo tipo de artesanato que você imaginar. Ele é um grande artista. Qualquer móvel, estrutura, objeto de madeira que você quiser, ele é capaz de fazer. E isso nos fez ter o interesse de passar o conhecimento e habilidade dele adiante. Queríamos passar isso para as pessoas e a forma que encontramos foi começar com as crianças, abrindo uma escola de arte."
Para além do trabalho desenvolvido com as crianças, Zelma e Mesake, que também são envolvidos com iniciativas da igreja, decidiram se engajar num outro projeto: montar um centro de recuperação. "Temos um centro de recuperação e damos cursos para transformar sina em oportunidade. Nessa nossa empreitada, encontramos verdadeiros artistas, que são pessoas que já tiveram conflitos com a lei, estiveram presos ou envolvidos com o mundo das drogas, pessoas que encontram grandes dificuldades na reinserção no trabalho. Então gostamos de confiar no serviço deles, principalmente os que já têm habilidades. Então hoje, a maioria dos trabalhadores da Viver Arte veio desse centro de recuperação, e são eles que fazem os trabalhos manuais junto com Mesake. Alguns têm dons para o desenho, temos um que faz miniaturas de madeiras incríveis, outro, que parece que foi feito para fazer costura de estofado, faz com perfeição. São pessoas que aprenderam a trabalhar com arte e se encontraram aqui. O que fazemos com o mínimo de esforço é gerar emprego e renda. Damos a confiança e a oportunidade, com isso, eles transformam a arte que fazem em dinheiro para as famílias. Temos profissionais excelentes."
Zelma ainda conta um pouco da trajetória do grupo: "O Viver Arte como é hoje, a formação de hoje, surgiu quando eu, Mesake e mais alguns amigos voluntários abrimos uma ONG, a Sociedade Viver Arte. São oito homens produzindo, temos mais cinco mulheres para os cursos de bordado, pintura e costura, e mais mães voluntárias que se envolvem de verdade no trabalho, enfim, totalizamos umas 20 pessoas. Então o nosso trabalho não é só fazer móveis e objetos de madeira e vender. A gente também mnistra cursos para crianças de 6 a 16 anos, pra gente de todas as classes sociais. Temos cursos para idosos também, de pintura de madeira, de pano de prato. E ainda temos a grande vontade de montar uma escola de reforço."
Hoje, com um galpão grande, adquirido há um ano através de licitação com a Sudic, o grupo já conseguiu o Selo de Entidade Pública Municipal e continua sendo assessorado pelo Cesol Sertão Produtivo, principalmente no que diz respeito às questões administrativas e de finanças. Sobre o apoio do Cesol, Zelma comenta: "O Cesol nos ajudou muito com a documentação para o edital de licitação que ganhamos da Sudic, para este espaço enorme que temos hoje. Conseguimos recursos também através do Cesol. Aprendemos sobre plano de trabalho e prestação de contas, tivemos capacitação na área de Contabilidade. Fizemos um catálogo de apresentação, participamos hoje de feiras, estamos com produtos no Espaço Solidário em Caetité, e todos os móveis da loja de lá fomos nós quem fizemos também. Além de tudo isso, o Cesol nos ajuda hoje com o programa de computador para fazermos orçamentos para os clientes. Pra gente, o Cesol foi uma bênção. Porque a gente não sabia nada sobre essas coisas burocráticas. Só sabíamos trabalhar e vender. Então se não tivesse o Cesol para nos orientar, seríamos engolidos pelo sistema. O Cesol hoje, mesmo depois de dois anos, ainda nos dá instrução e nos direciona com toda a parte burocrática."
E é com essa visão de mundo altruísta que o grupo consegue crescer e ganhar cada vez mais visbilidade. Unindo, desde o início, a vocação de Mesake para a arte, com a vontade do casal em compartilhar conhecimento e tocar a trajetória de vida de crianças, jovens, adultos e idosos, foi que montaram um grupo de trabalho, e hoje, além de produzir e comercializar com perfeição móveis e objetos de decoração em madeira, eles também compartilham o que sabem através dos cursos. Como diz Zelma: "trabalhamos não só pelo dinheiro, mas pela inclusão, pela arte. A arte é o legado de Mesake, e acreditamos que através dela, podemos transformar as pessoas. Acho que fazemos o bem com esse trabalho, e é por puro amor", conclui.
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