Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, vamos falar sobre uma das coisas a que realmente se propõe este dia: a luta pela opressão das mulheres no mercado de trabalho. O capitalismo não deixou de lucrar às custas dos trabalhadores, principalmente das mulheres. Os salários dos homens continuam mais altos que o das mulheres, e o nível de desemprego ainda é maior para o público feminino.
De acordo com dados do IBGE, a formalização do emprego é maior entre os homens. Se comparado ao ano 2000, passou de 50% para 59,2% entre os homens e de 51,3% para 57,9% entre as mulheres. Quando analisado somente o trabalho com carteira assinada, o homem também é mais beneficiado, aumentou de 36,5%para 46,5% entre eles, e apenas de 32,7% para 39,8% entre elas. A desigualdade do rendimento de gênero no caso do Brasil é resultado, em grande medida, de uma inserção, no mercado de trabalho, diferenciada por sexo, com uma maior presença feminina em ocupações precárias de baixa qualificação, pouco formalizadas e predominantemente do setor de serviços, como por exemplo, o trabalho doméstico.
Pouco a pouco os dados apontam melhorias
No entanto, é importante também trazer os dados que demonstram que há uma melhoria, ainda que pequena, na realidade das mulheres, principalmente no que diz respeito à participação feminina na renda familiar. Ainda de acordo com estudos do IBGE (outubro 2014), a mulher no Brasil contribui com 40,9% para a renda familiar. Entre as mulheres das áreas rurais, a participação feminina é ligeiramente maior, de 42,4%. Na zona rural nordestina, esse número é ainda mais significativo - a contribuição das mulheres chega a 51%. Os dados ainda apontam para outro número importante: nas famílias onde o chefe é negro ou pardo, a contribuição das mulheres é maior (42%) do que quando o responsável pela família é branco (39,7%). De um modo geral, no Nordeste, a contribuição feminina para a renda familiar é maior que a dos homens. Na última década, a taxa de anafalbetismo entre as mulheres caiu, elas se educarram mais, são maioria no ensino superior e têm distorção menor em relação à idade e série estudada.
As mulheres no Sertão Produtivo
Lutando contra uma realidade difícil para obtenção de renda, as mulheres guerreiras do Sertão Produtivo, atendidas pelo IDSB e CESOL, se encaixam nos números divulgados pelo IBGE. Nos empreendimentos de Economia Solidária, 70% é formado por mulheres. Elas são as resposnáveis, majoritariamente, pela liderança de grupos populares e estão começando a transoformar seus papeis na família e nas comunidades.
Uma das coisas que contribuem para este empoderamento é também o Programa Bolsa Família, que gera um impacto nas relações de gênero no Brasil. Os cartões do programa são prioritariamente em nome da mulher - elas somam hoje 93% das titularidades. As mulheres estão mais independentes dos maridos, compartilham mais na tomada de decisões da casa e têm muito mais autoestima.
O IDSB e CESOL então celebram a força dessas mulheres sertanejas que hoje, em seus depoimentos, contam que participam do planejamento familiar, e buscam cada vez mais qualificação para melhorar as condições de vida de seus familiares. Trabalhando, recebendo seu próprio dinheiro, elas vivem uma nova realidade. E isso deve ser celebrado, sem esquecer, no entanto, dos tantos entraves que ainda temos que lutar nas questões de gênero. As vitórias existem e são muitas, mas ainda há muito pelo que lutar e o IDSB e o CESOL unem esforços para isso. Vamos continuar os trabalhos de empoderamento das mulheres do sertão, de qualificação e geração de renda, de aumento da autoestima e realização.
Abaixo a música MARIA MARIA, de Milton Nascimento, que escolhemos para celebrar este dia. Feliz Dia das Mulheres e continuemos na luta por força, garra, raça e gana!
Para complementar esta leitura, leia também: SEVERINAS: as novas mulheres do sertão.