Nos dias 24 e 25 de fevereiro, o Centro Público de Economia Solidária - CESOL Sertão Produtivo promoveu um intercâmbio entre três empreedimentos produtores de doces e geleias. A ideia do encontro foi dar a oportunidade para os grupos de Fumal de Tocadas (Brumado) e Campos de Baixo (Palmas de Monte Alto) aprenderem na prática como se dá a produção na fábrica de Campo Seco (Brumado). Dessa forma, não só aprenderiam, como também trocariam experiências sobre o beneficiamento de frutas.
Primeiro dia de Intercâmbio
A qualificação contou com a participação de três integrantes de Fumal de Tocadas, três de Campos de Baixo e as cinco pessoas que compõem o grupo de Campo Seco. No primeiro dia, se conheceram melhor no turno da manhã, com uma apresentação de cada pessoa, e também da fábrica e do trabalho realizado em Campo Seco por dona Dice e seu Caé. Logo depois, todos juntos começaram os trabalhos com a limpeza da fábrica e dos equipamentos: "eu vim aqui trabalhar. Quero aprender e aproveitar o máximo esses dois dias que a gente vai ficar em Campo Seco", disse animada Silvani, de Palmas de Monte Alto, que chegou para o intercâmbio cheia de energia para "colocar a mão na massa".
Reforçadas com um café delicioso, e com as caldeiras aquecidas, realizaram juntas a análise da qualidade da pré-polpa, observando o aspecto das colônias de bactérias do vasilhame; a despolpa do umbu, na máquina despolpadeira; e logo após, o passo-a-passo para a produção do doce e geleia de umbu: quantidades, qualidade, ponto, tempo, embalagens e rotulagem. Durante todo o processo, a troca de informações foi enorme: "o mais importante desse momento pra gente é a troca de experiências. A gente não está aqui só para ensinar, até porque não tem muita novidade para elas, que já produzem doces e geleias, mas também para aprender com elas", comenta dona Dice. E completou: "a maior novidade para elas é sobre o funcionamento do maquinário, e sobre os vasilhames onde guardamos e vendemos as geleias e doces. São coisas importantes que vamos ensinar".
Ao final do dia, dona Helena, da comunidade de Fumal de Tocadas, avaliou: "pra mim foi nota dez. Foi um encontro muito especial, deixou a gente animada". Dona Helena, que já tem experiência ampla na produção de geleias e doces, tradição da comunidade passada de mãe para filha, comentou também da felicidade em reencontrar queridos amigos da comunidade de Campo Seco e aprender mais com eles, principalmente no que diz respeito aos equipamentos e às embalagens. "Sempre produzimos doces, desde a época de mãe. Mas lá na minha comunidade não temos fábrica. Então aprender como funciona o maquinário foi muito bom. Além disso, não temos as embalagens como eles têm aqui em Campo Seco. Vimos outras formas de guardar as pré-polpas e pré-geleias, diferente do que usamos".
Segundo dia
No segundo dia de encontro, com os participantes já com vivência suficiente para se sentirem ainda mais à vontade, a fábrica ficou pequena para a quantidade de informações e bom humor. No raiar do sol nas terras da zona rural de Brumado, colheram as frutas e limparam a fábrica para mais uma etapa de aprendizado, e o resultado foi um dia ainda mais produtivo que o anterior. Trabalhando em conjunto, exploraram outras frutas que não o umbu, fazendo doces em compotas de goiaba e abacaxi, geleia e doce de goiaba e nego bom de umbu.
Todos os grupos agradeceram à iniciativa do CESOL em programar esse oportuno encontro, como diz Silvani. Para ela, foi um momento único: "valeu a pena sair de Palmas de Monte Alto, que é tão distante, para conhecer o pessoal daqui de Campo Seco e de Fumal de Tocadas. E isso tudo foi possível por causa do CESOL. Gostamos de todos, receberam a gente super bem. Gostei da fábrica, do jeito que eles fazem o doce, aprendi demais. Faço doce em casa, já que meu grupo é familiar, então a experiência deles aqui foi muito importante pra gente. Ainda estou levando vasilhames que eles me deram especiais para vender, coisa que a gente ainda não tem. Então agora eu quero chegar em casa e fazer tudo que aprendi".
Para todas, "o tempo passou voando", como comentou Ana Rosa, de Fumal de Tocadas: "o tempo foi pouco pra aprender tudo que o pessoal de Campo Seco tem para ensinar e também as meninas de Campos de Baixo. Foi muito bom, o tempo passou rápido, quando vimos, já é hora de ir embora. O CESOL nos deu um momento importante e queremos mais!". Seu Caé, de Campo Seco, que hospedou, inclusive, as três integrantes de Campos de Baixo em sua casa, concluiu: "Nem sei dizer quem aprendeu mais aqui,ou elas ou a gente. Pra gente mesmo foi ótimo. Confirmamos como é importante trabalhar com um grupo animado e com mais pessoas. Com elas aqui, a gente produziu muito mais, foi muito produtivo mesmo. Estamos agora até pensando em ampliar o número de pessoas trabalhando dentro da fábrica".
Ao final das atividades, tudo que foi produzido nos dois dias foi dividido igualmente entre os três grupos. E dessa forma, o CESOL fecha mais um ciclo de intercâmbio entre beneficiadores de frutas, cumprindo seu papel de intermediar as relações de grupos solidários, fazendo com que eles mesmos qualifiquem e sejam qualificados, ensinem e aprendam, numa troca mútua de saberes. Além disso, através de encontros como este, o CESOL ainda incentiva a cooperação entre dinâmicas de trabalho de empreendimentos familiares, fortificando o Sertão Produtivo e ampliando a consciência solidária das pessoas.
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