Um dos assuntos que a equipe técnica do Cesol Sertão Produtivo discute constantemente é a Sustentabilidade dos Empreendimentos de Economia Solidária. Dados revelam que, apesar dos avanços e da maior visibilidade adquirida pelos empreendimentos de um modo geral (levando em consideração não só o nosso território, mas todo o país) eles ainda ainda apresentam grandes dificuldades e fragilidades. E é para sanar esses obstáculos que o Cesol trabalha dia a dia.
Uma dessas questões - se não a principal - gira em torno do processo de trabalho e formas de gestão. As condições de viabilidade de um empreendimento associativo, por exemplo, têm por substrato a reprodução de uma determinada relação social de produção, marcada pela condição em que a força de trabalho não é mercadoria, e pela apropriação do resultado do trabalho pelos trabalhadores associados, conforme as regras por eles definidas. Esta forma social de produção requer mecanismos democráticos de controle e gestão. Disso resulta que um grande desafio enfrentado pelos empreendimentos da economia popular solidária é o desenvolvimento de relações de trabalho que sejam economicamente viáveis e emancipadoras.
A sustentabilidade dos empreendimentos da economia popular solidária envolve tanto questões internas como citadas acima, quanto externas aos grupos. Certamente, nada substitui a necessidade dos trabalhadores associados saberem gerir os seus empreendimentos. Mas a sustentabilidade dos mesmos, entendida como a capacidade de ampliarem continuamente o alcance de suas práticas , depende também de condições culturais, econômicas, tecnológicas, sociais, impossíveis de serem alcançadas apenas através do empenho dos trabalhadores associados e de suas articulações em redes e fóruns.
A emergência destas condições requer ações convergentes e complementares de múltiplas instituições, a exemplo das organizações não governamentais, sindicatos, igrejas, instituições de ensino e pesquisa, órgãos governamentais. Entendida desta forma, a sustentabilidade dos empreendimentos associativos não é uma questão técnica ou estritamente econômica, mas essencialmente política. O que está em jogo não são iniciativas pontuais, localizadas, compensatórias, dependentes de recursos residuais ou da benevolência empresarial tida como socialmente responsável, mas ações políticas comprometidas com um processo de transformação social.
Nessa perspectiva, o Cesol trabalha com uma equipe técnica que realiza o estudo de viabilidade dos empreendimentos, mas com um detalhe primordial: não se trata de um trabalho tecnocrático, realizado apenas por especialistas externos aos grupos. Trata-se, sim, de um processo de construção coletiva de conhecimentos, no qual os integrantes dos grupos e assessores descobrem juntos as condições necessárias à sustentabilidade do empreendimento.