A Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, começou na manhã desta quarta-feira (13), com uma sessão solene de abertura no Riocentro. Antes mesmo do início "oficial", no entanto, o bloco da União Europeia já fazia reuniões internas de negociação. Durante a plenária, o secretário-geral da ONU para a Rio+20, o chinês Sha Zukang, disse que as negociações estão na "fase do vai ou racha", onde os diplomatas "não podem cometer erros." “Precisamos acelerar drasticamente o ritmo, temos apenas três dias de negociações, são dias onde tudo ou vai ou racha, em que precisamos nos concentrar nas discussões-chave. Uma grande responsabilidade está sob nossos ombros, simplesmente não podemos errar”.
O encontro, que ocorre 20 anos depois da Rio 92, deve reunir mais de 130 chefes de Estado em sua fase final, para debater propostas sobre como aliar o desenvolvimento econômico à proteção ao meio ambiente e à inclusão social. Desta quarta (13) até a sexta (15) ocorrem as últimas negociações sobre o documento que será levado aos chefes de governo. Trata-se da "Reunião do Comitê Preparatório da Rio+20". Entre os dias 16 e 19, o governo brasileiro organiza mesas de debate sobre temas ligados à sustentabilidade com especialistas na área, nos “Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável”. A fase final, chamada de “Segmento de Alto Nível”, com presidentes e líderes de governos, vai de 20 a 22 de junho. As negociações nesta primeira fase ocorrem dentro de "blocos". O Brasil faz parte do "Bloco dos 77 + China", que reúne os países considerados "em desenvolvimento". Um dos co-presidentes das negociações, o embaixador da Coreia do Sul, Kim Sook, afirmou que o mundo “está com os olhos voltados para o Rio” e explicou como funcionarão os grupos de discussão, além de distribuir os trabalhos. Segundo ele, ainda há áreas sem acordo e “temos apenas três dias para finalizar esse documento [a reunião informal em torno do documento segue até o dia 15]”. “Devemos dar um documento limpo aos chefes de Estado, pois devemos isso à nossa geração e ao nosso planeta. O mundo todo está com os olhos voltados para nós e nós somos capazes”, disse Sook. Mais cedo, em entrevista ao Bom Dia Brasil, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, negociador-chefe do Brasil, afirmou que a Rio+20 "vai definir metas para o mundo inteiro". "Um dos principais resultados que nós já podemos prever será a adoção pela Rio+20, pelos chefes de Estado, de objetivos de desenvolvimento sustentável", disse. "Haverá uma coisa concreta, que será refinada por um processo de negociação imediatamente depois da Rio+20. Nós temos que definir metas para o mundo inteiro, não só para os países pobres, mas para os países ricos também, para que todos caminhemos no sentido da sustentabilidade." O embaixador minimizou as ausências de Barack Obama (EUA), David Cameron (Grã-Bretanha) e Angela Merkel (Alemanha). "É impressionante o número de chefes de Estado que já confirmaram a sua vinda. Nós vamos ter mais chefes de Estado e de governo que tivemos na Rio 92. É natural que alguns chefes de Estado não possam vir por razões diferentes, mas seus países terão sempre uma voz muito ativa, porque eles serão representados também em bastante alto nível." Discussão De acordo com Zukang, são precisos desfechos para concretizar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, pontos que devem substituir as Metas do Milênio a partir de 2015 e que vão nortear o crescimento econômico dos países, respeitando o meio ambiente e com erradicação da pobreza (pilares da economia verde). “Também são precisos desfechos nas ações voltadas para energia, água, desenvolvimento das cidades e empoderamento das mulheres. Precisamos avançar mais nos meios de implementação [liberação de dinheiro para projetos] (...) para que não seja só mais um documento bonito no papel”, disse.
Ele reiterou também a necessidade de definir ações para transferência de tecnologias voltadas para o desenvolvimento sustentável – um dos entraves da negociação, juntamente com as formas de financiamento da economia verde. “Precisamos de desfechos históricos, produzir uma estrutura que atenda toda a humanidade”, finalizou. Eventos paralelos Fora do Riocentro, outros eventos e mesas de debates acontecem em diversos locais do Rio de Janeiro. O maior deles é a Cúpula dos Povos, organizada por entidades da sociedade civil críticas à agenda oficial da Rio+20. No Forte de Copacabana, a Exposição Humanidade 2012 traz uma mostra gratuita e aberta ao público da diretora e cenógrafa Bia Lessa sobre os temas da Rio+20. O mesmo local recebe mesas de debate e, nos próximos dias, encontros de prefeitos e de empresários. No hotel Windsor Barra, entre os dias 15 e 19, homens de negócios de todo o mundo se reúnem no "Forum sobre Sustentabilidade Global" para debater maneiras de impulsionar empresas levando em conta os quesitos de proteção ambiental.
Fonte: G1
ASCOM IDSB