Elemento mais essencial para a vida de todo ser vivo. Sem água não poderíamos conceber a atmosfera, o clima, a vegetação e a agricultura como são hoje. Seiva do nosso planeta, o equilíbrio da Terra e o nosso futuro dependem do respeito e da preservação deste líquido precioso e de seus ciclos. Sua utilização deve ser feita de forma consciente para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis. Mas, infelizmente, parece que os homens não estão sabendo protegê-la e planejar a sua gestão.
Pensando na sua preservação, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Dia Mundial da Água no dia 22 de março de 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Eco-92. Assim, a cada ano são promovidos encontros e discutidos os principais problemas ligados ao tema. Em 2013, foi declarado o Ano Internacional de Cooperação pela Água para preservar os recursos hídricos, proteger o meio ambiente e compartilhar conhecimentos. Antônio Félix Domingues, coordenador de Articulação e Comunicação da Agência Nacional das águas (ANA), considera a iniciativa positiva.
“Temos um problema grande na América do Sul desde a época do regime militar, que é ver o país vizinho como potencial inimigo em vez de termos uma ligação forte com eles. Com uma boa aliança, os resultados econômicos são sempre melhores. Por essa relação conturbada, não temos acesso a coisas mínimas como dados da chuva da Bolívia, que tem rios que vêm para Brasil. Temos dificuldade de projetar, aqui, uma usina para saber o tamanho da obra e resistência da barragem. Temos que trabalhar com mais redundância e custos. Com o Ano Internacional, ampliamos a cooperação do Brasil com Peru, investimos no Brasil com Argentina e, apesar das dificuldades, estamos avançando com a Bolívia. O país que mais avançou foi o Uruguai”, destaca o coordenador.
Entre os temas já escolhidos para a data estão: Água e Segurança Alimentar, Águas Transfronteiriças, Saneamento, Água Limpa para um Mundo Saudável, Lidando com a Escassez de Água, Água para as Cidades e Cooperação pela Água. Neste ano de 2014, o assunto é Água e Energia. Dados da Agência Internacional de Energia (IEA) demonstram que haverá um aumento de 5% do transporte rodoviário no mundo até 2030 e poderia haver um aumento da demanda por água na agricultura em até 20%, devido ao uso de biocombustíveis. De acordo com a ANA, o Brasil possui cerca de 1.000 empreendimentos hidrelétricos, sendo que mais de 400 deles são pequenas centrais hidrelétricas (PCH).
“O Brasil tem a maior contribuição da água na sua matriz elétrica. Temos uma importação de energia nuclear que é muito pequena. A energia elétrica ainda é cara porque estamos no processo de amortização dos grandes investimentos que são feitos. A sociedade tem que abrir mão e economizar, pelo menos, 10% de energia para não fazemos Belo Monte, mas aí a pessoa tem que ter um controle rigoroso e fazer escolhas. Estamos com problema de crise em Cantareira. Podíamos ter tomado medidas antes do esgotamento. É ruim quando você eleva o preço da água, mas assim você passa um sinal de que está grave a situação”, ressalta Félix.
Não existe nenhuma atividade que o homem desenvolva sem água. Meios de transporte, tecido, alimento, lazer, tudo que se possa imaginar tem uma determinada quantidade do recurso. As pessoas não percebem e não captam a vulnerabilidade quando a água falta por estarem em uma zona de conforto. A Unesco divulgou que 85% da população mundial vive na metade mais seca do planeta e 780 milhões de pessoas não têm acesso à água limpa, sendo que quase 2,5 bilhões não têm acesso a saneamento adequado. De seis a oito milhões de pessoas morrem, anualmente, em decorrência de desastres e doenças relacionados à água.
“A água fica circulando na forma de nuvens, vapor de água, rios e oceanos. Nós temos que cuidar da água, ajudar os outros países a aprenderem a monitorar a qualidade e quantidade de água, e a compreender esse fenômeno de ter seca e cheia para não fazermos uma gestão de crise, mas, sim, de risco. Precisamos saber o que acontece no mundo para construir modelos de previsão climática e conhecermos melhor o planeta, conhecemos muito pouco. Hoje, estamos em um novo conceito de expansão econômica sustentável, que é o crescimento azul, o reaproveitamento das águas ”, afirma Antônio Félix Domingues.
Como bem diz a Declaração Universal dos Direitos da Água, o elemento faz parte do patrimônio do planeta. Continente, povos, nações, regiões, cidades e cidadãos são plenamente responsáveis aos olhos de todos. Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia. O equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras. Portanto, preserve a água e cuide bem do nosso planeta.
Fonte: Globo Cidadania